16.12.05

As três fases da Crise

Todas as transições que passamos em nossas vidas requerem preparação, pois enfrentamos períodos desconhecidos e para algumas pessoas esses períodos podem ser assustadores, verdadeiras provações. Passamos inevitavelmente, por três fases: uma de separação, uma de espera e uma de reorganização de nossas ações, sentimentos e pensamentos. Na primeira fase, vivemos um processo de finalização de um ciclo.

É como se algo dentro de nós começasse a dizer: "mãos à obra, é hora de mudar!" Muitos de nós nesses momentos demoramos a perceber ou aceitar esse chamado; isso acontece quando nossa personalidade insiste em deixar as coisas como estão. Fazemos de tudo para impedir essas mudanças, vacilamos e guardamos essa energia. Mas, com essa atitude, provocamos um aumento de excitação e de sentimentos, e essa energia que já está estagnada e morta, gera um estado de desconforto e incômodo, que muitas vezes se transforma em dor.

Na verdade, são sinais que partes de nossas vidas se tornaram obsoletas, e precisamos, outra vez nos reformatar, e, inevitavelmente, encarar o desconhecido. É preciso lembrar que os padrões que estabelecemos, não são só intelectuais, emocionais ou psíquicos, são também musculares, posturais. Negar essa fase de separação, ignorar a excitação que ela provoca, resulta na incapacidade ou indisponibilidade para fazer as mudanças necessárias que nos levam a uma maior maturidade e satisfação emocional.

Vale lembrar que finalizar padrões ou laços emocionais, não significa necessariamente eliminá-los ou cortá-los. A segunda fase, que chamaremos de "espera" se segue à de separação. É uma fase de pausa, de silêncio. Não somos mais o que éramos, mas também não sabemos o que seremos. É a fase da transição, e a partir dessa fase, poderemos começar a nos transformar. É uma fase de sonhos e sensações, e muitas vezes de medos e fantasias. É como o processo de pausa entre a inspiração e a expiração. Como na gestação: um estado de recepção e concepção.
Neste momento nos sentimos sem forma; um momento onde devemos aprender a fé e a entrega. Podemos desfrutar um lugar do simples existir, um lugar de espera, de formação de algo que não sabemos ao certo o que é. Ou podemos também nos desesperar pelo descontrole da situação. A mensagem nesse momento é: "precisamos aprender a suportar a espera" ou: "precisamos aprender a entregar".

Como faço para conter tanta incerteza, tantos sentimentos, medos e esperanças? Podemos aprender, nessa fase, a nos conscientizar e libertar da condição de vítimas de nossa impulsividade e de respostas padronizadas e testar uma nova maneira de lidar com essa pausa. Faz-se necessário o silêncio interior. Preste atenção e aprenda consigo mesmo. Esta é a fase onde você pode participar ativa e conscientemente de sua própria reestruturação: a real estrutura, formada conscientemente de dentro para fora.

De repente, quando você menos espera, algo começa a fazer sentido, algo começa a se reorganizar. Novas possibilidades, novos sentimentos, novos sonhos. Como na argila, é o momento da remodelação, agora você pode usar a si mesmo de uma outra forma. Você descobre, de dentro para fora, um novo padrão, uma nova direção. A fase de incerteza ficou para trás; passamos para a terceira fase: a "re-forma", que teve início no caos da primeira fase. Uma nova organização em direção à vida.

Algo nos impulsiona ao crescimento, à busca da satisfação. Na fase anterior descobrimos como queremos satisfazer nossas necessidades, como gostamos de estar no mundo, e é nessa terceira fase que estabelecemos um compromisso com essas verdades que são "nossas verdades". Concretizamos em nossas formas de pensar, de sentir e de agir, nossa nova visão. Partes adormecidas emergem de dentro de nós em novos potenciais. Nos sentimos mais fortes e determinados, muito mais em contato com aquilo que somos de fato.

Todos nós passamos por essas fases diversas vezes em nossas vidas. No início há dificuldade e hesitação, até que surge um novo padrão. Portanto, para dominar o sucesso, passamos por um período de aprendizado, de maturação, e com o tempo a nova habilidade é incorporada e passa a fazer parte integrante de nós. Essa última fase requer experimentação, prática e desenvolvimento de novas formas de ser, de novos modos de usarmos a nós mesmos e de conviver. Requer consciência. Existem algumas perguntas interessantes a se fazer nessas fases como:

* Como quero ser daqui para frente e viver minha vida?
* Que necessidades tenho e como devo satisfazê-las?
* Como quero me colocar no mundo?
* Quais são minhas verdades e como faço para me comprometer com elas?
* Como me apropriar deste novo modo de estar vivo?

Como disse no começo, todas as transições requerem períodos de separação, de espera e de reorganização, mas acima de tudo, requer determinação, coragem e confiança, para atingirmos maior liberdade, individualidade e a conseqüente felicidade.

Texto de Eunice Ferrari
Posted by Picasa

Um comentário:

Anônimo disse...

É...nada como um dia depois do outro...( com uma noite no meio)...rs...beijos, trevi {SM}